The New Abnormal

The New Abnormal

Ouça o novo disco:

Tradução: Julian entrevista Rey Pila, Rey Pila entrevista Julian

Foto por Napoleon Habeica

Rey Pila é uma das bandas que assinaram contrato com a Cult Records, selo indie de Julian Casablancas. Dia 01 de junho, foi publicada a matéria de Rhian Daly no site da NME, resultado de uma entrevista em que Julian responde a perguntas feitas pela banda Rey Pila e a banda responde a perguntas de Julian. Confiram a tradução a seguir.
Conheça a nova banda favorita de Julian Casablancas, Rey Pila – entrevistada por ele mesmo
Quem venceria um mata-mata entre Madonna e Lady Gaga? Todas as perguntas importantes respondidas!
Quando Julian Casablancas não está ocupado sendo parte de uma das mais icônicas bandas do mundo ou fazendo um tipo de loucura sônica inovadora que vai fundir completamente seu cérebro com The Voidz, ele administra seu próprio selo indie. A lista eclética e distinta da Cult Records inclui todos desde heróis reconhecidos como Karen O a novas e excitantes descobertas.
Um exemplo das últimas é Rey Pila, um quarteto synth-pop1 que soa como se tivessem se alimentado de uma dieta de The Cars, David Bowie e Kraftwerk. A banda lançou seu EP ‘Wall of Goth’ pela Cult no último mês, que traz quatro músicas de sintetizadores difusos, melodias pop polidas e despretensiosas. Julian também assumiu tarefas de produção do disco. Juntamos as duas partes e pedimos que descobrissem mais uma sobre a outra. Eles nos deixaram orgulhosos – leia e saiba por de qual improvável grupo europeu Julian é um grande fã, quem ganharia um jogo de futebol e descubra alguns músicos mexicanos para conferir.
Julian também nos deu uma pequena atualização sobre o que está trabalhando. Nada sobre The Strokes, mas você pode ficar animado para um novo disco de The Voidz. “Soa mais elegante e polido, mas ainda é como jazz de prisão futurístico”, ele disse, prometendo que será lançado no “começo de 2018”.
Rey Pila: Como exatamente você se deparou com nossa música pela primeira vez?

Julian Casablancas: Eu estava em nosso escritório em Nova Iorque – o escritório da Cult Records quando ficava sobre a famosa loja de livros Strand – e ouvi essa música explodindo de um rádio do carro na rua abaixo, e pensei, ‘Uau, que som legal, isso soa como algo moderno, mas se música pop fosse realmente legal. ’ Eu estava genuinamente perturbado e incomodado que eu nunca saberia que música mágica era aquela… então, enquanto saía da Cult um minuto depois, provavelmente em lágrimas, percebi, para meu espanto, que a música estava tocando no hall. Era um escritório diferente do nosso e quando fui perguntar que música era aquela, acabou sendo de uma banda sem contrato procurando por um selo. A música era ‘Alexander’, a banda Rey Pila.
RP: Jogamos futebol com você e seus amigos em Nova Iorque várias vezes, mas sempre nos perguntamos… como você acha que seria o placar final entre um jogo de futebol Strokes/Voidz vs Rey Pila? (Seja honesto).
JC: Acho que já jogamos e ganhamos? Ha. Oh, espere, foi América vs México. Desculpe mencionar isso. Acho que com Voidz seria um placar próximo. Acho que poderíamos ganhar, teríamos que ver. Jogamos com Phoenix e ganhamos, e eles são franceses. Embora Thomas [Mars] e Beardo [Voidz] tenham trocado de times. Contra Strokes, vocês ganhariam, ha.
RP: Se você fosse fazer um cover de uma música da Rey Pila, qual seria?
JC: “‘No Man’s Land’”.
RP: Que rostos você colocaria na Parede dos góticos2?
JC: “Robert Smith, Dracula, Siouxsie Sioux e The Undertaker.”
RP: Sempre nos sentimos em casa perto de você. Em um universo paralelo você poderia ser mexicano. Você esteve aqui várias vezes. Você consideraria morar na Cidade do México? Qual seu aspecto favorito do país?
JC: Parte da minha família viveu aí nos anos 1940. Meu tio nasceu aí…acho que a melhor parte são as pessoas. Adoro a cultura de família, não é parte da cultura americana agora, parece. Também a resistência.
RP: Qual a melhor e a pior parte de produzir uma banda?
JC: A melhor é que você não tem o apego ou autocrítica. Uma melhor perspectiva, acho. Sempre desejo que eu pudesse ouvir algo que escrevi ou gravei com orelhas frescas ou pela primeira vez, para acessar sem viés ou expectativas. Quando você está produzindo alguém você chega em branco. Porque você se torna muito familiarizado com suas próprias músicas e então é difícil julgar algumas vezes. Vejo outros artistas passando pelas mesmas coisas, mas posso ver sem emoção ‘Oh, essa parte é incrível’ ou ‘esta parte, talvez nem tanto’ sem aquela falta de perspectiva, sem aquele ponto cego emocional. Ser sem emoção e objetivo é ótimo, ao contrário de julgar-se ansiosamente quando é a sua música.
A parte ruim é fácil. É ter autoridade, mas ser pessoal, ter apego emocional ou aversão.
Algumas das minhas músicas favoritas serão abandonadas e algumas das minhas não tão favoritas serão trabalhadas por causa de algo que tenho certeza de que fui culpado algumas vezes, que é ter apego ou desapego vai turvar meu julgamento. Isso pode ser frustrante, às vezes.
RP: Que música te fez se tornar músico?
JC: Foi uma longa jornada, mas se eu tivesse que escolher uma, provavelmente [Pearl Jam] Yellow Ledbetter. Ouvi em alguma pobre mixtape e despertou em mim um reconhecimento do poder da música.
RP: Alguma canção favorita dos anos 90?
JC: Yellow Ledbetter . Brincadeira. Provavelmente ‘Girl I’m gonna miss you’ de Milli Vanilli? Eu ainda gosto daquela banda, ou projeto de arte, ou como quiser chamar. Sou um grande fã. Eu adoro o visual e a música e o conceito. Tudo. Um par de basquiats3 maravilhosos em veleiros fazendo uma música incrível …o que tem pra não amar?
RP: Que filme você gostaria de ter estrelado?
JC: Se eu escolher algo legal como The Adventures of Sebastian Cole, que seria minha escolha, eu provavelmente arruinaria o filme. Então eu diria o cara de aparência feminina e cabelo grande em Dazed and Confused porque eu tinha aquela idade e aquele visual quando o filme saiu, então eu poderia ter feito.
RP: Maconha ou LSD? 
JC: Para uso recreacional ou diário, e legalização? LSD, definitivamente.
Julian Casablancas: Qual seu boxeador mexicano favorito?
Rey Pila: Bem, Julio César Chávez é o melhor de longe, mas nosso favorito seria Jorge “Maromero” Paez. Ele era um artista de circo que se tornou boxeador que poderia realmente dar um show. Ele aplicou algumas das táticas de circo no ringue. Ele se fantasiava, dava cambalhotas, dançava, constrangia seus oponentes, aparecia em vídeo de música…os trabalhos. Era divertido de assistir. Acho que seu filho é lutador também.
JC: Quem é seu artista/músico ou grupo mexicano favorito?
RP: Essa é difícil, e não há vencedor unânime entre nós…devemos dividir por gênero. Juan Gabriel é nosso favorito na música tradicional. Ele acabou de morrer, mas era um artista de verdade, ótimo compositor e diretor. Muitas de suas músicas estão profundamente enraizadas na cultura mexicana, e se tornou um ícone amado sendo gay em uma cultura mexicana tradicional machista. Nortec Collective, de Tijuana, revolucionou a música eletrônica no México e se tornou popular no mundo alguns anos atrás. Uma combinação original de música nortenha mexicana e música eletrônica. Luis Miguel é o único mexicano pop sex symbol. Uma das mais belas vozes mexicanas, milhares de mexicanos tentam (grotescamente) emular seu estilo e vida. No rock, nosso favorito é Caifanes. Ótima banda dos anos 80/90, incorporou a mística mexicana e o folclore em seu som influenciado por The Cure/Bauhaus/Dead Can Dance Sound.
JC: Sempre pensei que é divertido como antes das eleições eles disseram que a America precisaria de um muro para evitar que todos tentassem sair se Trump fosse presidente. Então minha pergunta é, a América perdeu parte de sua mágica aos olhos mexicanos ou não mudou muito?
RP: Bem, foi uma decepção imensa ver Trump ser eleito presidente, uma vez que ele atacou e rotulou os mexicanos como sendo um tipo de câncer na sociedade e economia americana. Piñatas em formato Trump foram um sucesso no último feriado. A relação México/Estados Unidos sempre foi uma relação simbiótica de amor e ódio…acho que os Estados Unidos perderam parte da mágica aos olhos dos mexicanos, muitos foram deportados, muitos outros dependem de seus trabalhos e precisam ficar nos Estados Unidos. Se não, acho que muitos teriam deixado o país por si mesmos. Li que o fluxo do turismo mexicano caiu drasticamente. Por outro lado, sinto que o ódio ao Trump também uniu pessoas e reforçou laços…temos um sólido irmão americano e sempre teremos.
JC: Quem é mais poderoso, o governo ou os cartéis mexicanos?
RP: As linhas entre eles estão borradas…provavelmente cartéis, infelizmente.
JC: Qual seu filme mexicano favorito?
RP: Como a pergunta sobre música, a banda não tem uma resposta unânime…muito feliz em ver tantos mexicanos reconhecidos internacionalmente na cena cinematográfica, é histórico. Nossos filmes mexicanos favoritos ou icônicos são Cronos (Guillermo Del Toro), Amores Perros (Alejandro G. Iñarritu), Y tu mamá también (Alfonso Cuarón) e Allí Está el Detalle, do mais famoso comediante mexicano, Cantinflas (poderia ser descrito como o Charlie Chaplin mexicano).
JC: Quem ganharia uma luta – Madonna ou Lady Gaga?
RP: Isso seria um Celebrity Deathmatch4 incrível! Adorávamos MTV show…Madonna poderia jogar cruzes em chamas em Gaga, mas ela poderia pular do topo do estádio do Super Bowl e esmagar Madonna.
 
Notas:
1) synth-pop: estilo de música com predominância de teclados e sintetizadores
2) Parede dos góticos: tradução do nome do EP de Rey Pila.
3) basquiat: referência ao estilo do artista Jean-Michael Basquiat
4) Celebrity Deathmatch: programa de TV em que animações de celebridades eram colocadas para lutar até a morte.
 
Fonte: NME
Tradução: Equipe TSBR