The New Abnormal

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Ouça o novo disco:

Q MAGAZINE: RESENHA DE COMEDOWN MACHINE (4 ESTRELAS DE 5)

Faltando mês para o lançamento de Comedown, enfim saiu a primeira resenha do disco, da Q Magazine.
Q MAG

Q Magazine: Comedown Machine (4 estrelas de 5)

por Niall Doherty
The Strokes estavam tão perfeitamente formados durante sua chegada em 2001 que havia uma sensação de que se eles alguma vez se separassem, eles nunca seriam colocados juntos de novo do mesmo jeito. Bandas de rock de garagem eram ‘dois centavos’ para a maioria dos anos 2000, então é fácil esquecer que tipo de viradores de jogo eles eram, puxando o banquinho de bandas de baixo como Travis, Turin Brakes e Starsailor. Para ser mais direto, ninguém tinha visto alguém ficar tão bem numa jaqueta de couro por muito tempo.
Mas isso foi há 11 anos. Quando Q entrevistou a banda – vocalista Julian Casablancas, guitarristas Albert Hammond Jr e Nick Valensi, baixista Nikolai Fraiture e baterista Fabrizio Moretti – em 2011, logo depois do lançamento do 4º disco Angles, a mentalidade do grupo estava desgastada. Se antes eles eram como irmãos de sangue como em The Outsiders, de Francis Ford Coppola, agora eles mal se falavam. Valensi culpava Casablancas. Fraiture culpava Hammond Jr, Hammond Jr culpava as drogas. Casablancas culpava todos. Ninguém culpou a si mesmo. O álbum resultante teve um grande momento – a crise melancólica em Under Cover of Darkness – mas todo o resto soava meia boca e inacabado. The Strokes tinha esquecido como ser The Strokes.
Essa crise de identidade é o que torna seu 5º álbum funcionar. Eles soam como eles mesmos – aqueles tensos golpes rítmicos, cortes de guitarra sustentando os vocais suspirantes de Julian Casablancas – mas nada como eles mesmos ao mesmo tempo. O estridente pop de One Way Trigger, lançado para download gratuito no final de Janeiro, é um aperitivo perfeito para o restante do álbum. Assim como aquela música fez muitos se perguntarem se The Strokes tinham descoberto A-ha, há uma ranhura dos anos 80 de mexer os quadris que passa pela linha central de Comedown Machine. Em seu próprio jeito disfuncional, The Strokes soam como se estivessem se divertindo.
O brilho da produção está um mundo além das gravações no-fi do seu álbum de estreia e do seguinte Room on Fire, mas Comedown Machine compartilha a natureza concisa daquelas marcas do início da carreira. Tap Out é uma abertura um tanto sonhadora com influências Gálicas, com as arejadas mudanças vocais de Casablancas sugerindo que Human League poderia ter tido alguma radiodifusão nos discos de A-ha. Maravilhosamente, influências estranhas aparecem em todo lugar, os obstáculos prolixos do refrão de Welcome to Japan parecem ter sido trazidos diretamente do hit Get Up! (Before the night is over) de Technotronic.
Mesmo quando aumentam o ritmo, há uma restrição que caracteriza Comedown Machine, até mesmo em seus momentos de rock mais resistente. Nesse sentido, parece seu disco menos nova iorquino até agora; é um álbum de luz e espaço, nada correu enquadrado. Essa abordagem é mais bem capturada em Slow Animals, toda a suavidade das guitarras se construindo lentamente em torno do falsetto sussurrado de Casablancas.
É impossível saber se The Strokes estão em terreno seguro como banda – no momento de divulgação eles insistem em não fazerem entrevistas ou novas fotos que devem acompanhar seu novo álbum – mas talvez fechar-se para o mundo tenha feito bem a eles. Comedown Machine é o melhor álbum desde que eles alcançaram a perfeição com seu primeiro disco. Você prefere pensar que eles estão entrando numa nova vida como banda. Vindo de The Strokes, poderia também sua agridoce despedida.
Download: Tap Out / All The Time/ 50/50 / Slow Animals