The New Abnormal

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Tradução: 22 coisas que você aprende conversando com Julian Casablancas – Rolling Stone

22 coisas que você aprende conversando com Julian Casablancas

O líder de The Voidz fala sobre vida em Marte, tv a cabo, o legado dos Strokes e mais

Por Patrick Doyle, em 28 de outubro de 2014

FYF Fest 2014 - Day 2
Foto por Paul T.Giunta

Julian Casablancas é famoso por ser tímido, mas o cantor concordou com uma entrevista em apoio a seu novo álbum, Tyranny, com The Voidz. Durante várias horas numa noite recente em Nova Iorque, o cantor se abriu sobre tudo desde seus anos difíceis na adolescência até o porquê ele teve momentos difíceis com o sucesso precoce dos Strokes e sobre sua nova obsessão com a política. Ele também explicou porque ele raramente concede entrevistas. “Eu não gosto de expor minha vida pessoal. Você já precisa ser tão vaidoso para se apresentar, ir ao palco e dizer ‘Olhe pra mim!’ Mas é mais inspirador, melhor para os seus negócios particulares, manter algo [misterioso].” Aqui 22 informações sobre o misterioso Casablancas:

Enquanto Velvet Underground e The Doors influenciaram sua música, ele também é treinado em teoria musical clássica.

“Eu queria aprender as regras básicas. Se você vai ser um cirurgião, você quer aquele que estudou, você não quer aquele mais inspirado. Estudar harmonia e essas coisas, e não sou um mestre em nenhuma delas, mas acho que realmente me ajudou a entender o que são os movimentos. Tipo, você ouve uma música de Radiohead e você sabe exatamente o que estavam fazendo por trás da bateria, te ajuda a evitar armadilhas e clichês. É importante.”

Ele é extremamente próximo de seu padrasto, o artista Sam Adoquei, que cresceu em Ghana e o introduziu à música do radical nigeriano e titã do funk Fela Kuti.

“Ele é incrível. Ele me ensinou a ter mais paixão e alegria e mesmo a prática das coisas porque parte da alegria da realização está na tarefa. Ele tem um livro maravilhoso, Origin of inspiration. É o que eu ouvia toda noite enquanto crescia, só falando sobre arte”.

Ele sempre teve uma personalidade afeita ao vício.

“Comecei a beber cedo. Quero dizer, estava bebendo na escola, durante a escola. Estava bebendo destilados. Nunca bebi café [até recentemente] e então eu precisava de algo que me ajudasse a ficar de pé e então estava bebendo sete cafés por dia. Sou um maníaco inclinado ao vício”.

A bebida afetou como ele olha para os anos do começo dos Strokes.

“As pessoas olham aquele tempo [e dizem], ‘Você extravasou, todo mundo te amou’. Eu estava bebendo muito, então isso realmente tirou a satisfação. Eu realmente me arrependo disso. Tipo, eu devia fazer anúncios de serviço público. Queria me lembrar melhor. Isso tornou tudo uma memória indistinta e vaga. Então nunca foi um momento ‘Ganhamos a liga dos campeões!’, sabe o que quero dizer?”

Jim Morrison não foi um bom exemplo para ele.

“The Doors foram péssimos exemplos. Jim Morrison provavelmente trabalhou e leu ótima literatura e trabalhou em poesia sobriamente por anos, então ele finalmente fez isso, e ele festou e agiu como um maníaco e as pessoas pensaram ‘OK, se você quer cantar legal, tem que beber uísque.’ Mas não funciona assim. E então ele morreu aos 27. Acho que estava vivendo um tipo de clichê mímico. E me senti realmente desconfortável com isso. Então percebi que eu queria fazer coisas positivas.”

Ele prefere Room on Fire a Is This It.

“Eu queria terminar o Is This It? pensei; mesmo quando estávamos gravando, eu sempre pensei que era a parte dois [de Is This It]. Lembro quando começamos Reptilia e The End Has No End, eu estava como ‘Essa é a nova vibe.’ Acho que sempre nos sentimos como se estivéssemos em perigo. Quando fizemos Room on Fire as coisas estavam estabilizadas, mas as coisas estavam internamente, ao menos da minha perspectiva, não saudáveis.”

Seu controle criativo tipo ‘mão de ferro’ dos Strokes levou a um monte de problemas.

‘[No Comedown Machine] talvez eu não tenha tido aquele tipo de mão de ferro que tive no passado, mas de propósito, porque aquilo criou um monte de problemas. Acho que é importante para alguém – mais do que se eu acho que é melhor ou não – para alguém ter algo a dizer. Ainda estou escrevendo um monte de partes das músicas que tocamos juntos, então não é como se estivéssemos apenas enviando músicas um ao outro por e-mail e nunca nos víssemos.”

 Ele teve problemas quando seus colegas dos Strokes disseram que ele não estava presente durante as gravações de Angles em 2011.

“A coisa engraçada sobre Angles é que havia toda aquela coisa estranha sendo dita sobre gravar separadamente. Nós jantamos em Los Angeles e estávamos falando sobre isso. E se esquecem que sentamos num estúdio e escrevemos canções por um longo tempo. Foi lá que fizemos todo o disco. Todas as partes, as músicas, num quarto, juntos. Gravamos com dois microfones, e essa era a base, e então estávamos indo gravar oficialmente. Foi quando eles foram e gravaram as coisas, e quando começou ‘Julian não estava lá’, e essa merda toda. Foi só porque, logisticamente, nunca tínhamos feito um disco assim.”

Ele não leva o legado de Strokes – incluindo sua influência na música e moda – muito seriamente.

“Não vejo isso de uma forma mega positiva em que eu esteja, tipo, orgulhoso. Assim, há mais pessoas brancas usando Converse? Bom. Missão cumprida.”

Por inspiração, ele leva muito tempo editando o trabalho de outros autores.

“Gosto de citar ou pegar outros autores [trabalhos] que são realmente ótimos e editar. Como você sabe A people’s history of the United States é tão incrível, mas apenas um pequeno grupo vai ler tudo. Mas se eu fizer tipo ‘Aqui, leia essas três linhas’, você iria gostar ‘Uau, WTF?‘! Meu livro favorito é A Odisséia, mas uma tradução específica.”

Ele foi profundamente afetado pela morte de Lou Reed.

“Tínhamos o mesmo agente. Uma das coisas na minha lista que eu realmente queria fazer era uma música com ele. Ele é apenas um símbolo do que eu sinto que deveria ser mainstream. Acho que se o mainstream fosse um pouco mais ousado, seria muito mais difícil manter as pessoas no escuro. Quero dizer, você lê as letras de Lou Reed e é impressionante. E eu nunca percebi quão boas as letras eram porque soam fáceis. É realmente muito profundo.”

Ele tem muitos arrependimentos sobre seu disco solo Phrazes for the Young.

Tyranny é tipo o oposto de Phrazes, que eu achei que deveria ser mais popular, ou algo do tipo. Aquilo foi tão idiota e não eu. Eu atendi a coisas que acho que são muito doentias, e foi imaginar o que as pessoas gostariam, misturado com pensamentos experimentais. Acho que estava muito preocupado, porque estava vindo dos Strokes, sobre percepção. Percebi que não é a maneira de abordar isso.”

Quando passamos por um bar de sucos, ele diz que é uma das muitas razões por que está deixando Nova Iorque.

“Com Nova Iorque, está gentrificado e eu não me importo – é parte da história. As pessoas fazem brunch o dia todo, mas você deve ser reticente sobre o que isso significa para o restante das pessoas. Não me importo com um edifício de luxo, mas indiretamente contribui com outras questões e outras partes da cidade. É chato, perturbador, e frustrante, mas ainda é o centro cultural do mundo.”

Como Strokes, The Voidz é um projeto de longo termo – e ele quer que ambas as bandas trabalhem juntas.

“Sinto como se Strokes fosse um carvalho e essa é uma planta nova. Então estou focado nela agora. O plano é, eventualmente, ter duas árvores e balançar numa rede. Um lado em cada árvore. Seria legal fazer shows com The Voidz e Strokes, seria um modelo legal.”

Ele ama o show Xavier: Renegade Angel, de Adult Swim

“Talvez seja meu show favorito de todos. Não sei se estavam tirando sarro de The Sims, mas é tudo CGI, tipo isso. É como se tivessem feito algo errado e parecesse realmente ruim, e eles estavam tipo ‘Perfeito!’ É tão fogo rápido, tão denso, é insano.”

Ele é realmente crítico com a mídia, especialmente tv a cabo.

“As pessoas que dirigem os veículos de massa, eles não querem que as pessoas realmente entendam [problemas]. Não vejo muita diferença entre Fox e outras redes. Não é como se as pessoas que eles contratam fossem ruins ou estivessem mentindo, mas eles não estão contratando radicais da verdade. Eles estão contratando pessoas que sabem que são comuns e se eles ficam um pouco loucos, se livram deles.”

Ele se preocupa com a neutralidade da internet.

“É assustador! Está levando 20 minutos para olhar o TruthDig. E então você está, tipo, ‘MSNBC diz ‘Olhe Kim Kardashian!’… você não quer ditaduras. Você realmente pode argumentar que a América não é uma ditadura corporativa?”

Ele é amigo de longa data do guitarrista Jeramy ‘Beardo’ Gritter.

“Eu era fã de Beardo muito antes de conhecê-lo por ir ao Mars Bar em Nova Iorque, que fechou. Durante Phrazes, eu estava pensando, ‘seria legal tocar com uma banda com aquele cara’. E então Alex [Carapetis, baterista] morava com o cara. Saímos, nos demos bem, e tínhamos tanto em comum. Temos a mesma idade, estivemos em bandas. Todos conhecemos as armadilhas, mas ainda somos meio que jovens o bastante para estar com fome. É o momento de nossa reunião.”

Ele recentemente decidiu que não há vida em outros planetas.

“Tive uma estranha epifania recentemente, e me sinto estranhamente confiante de que realmente não há vida em Marte ou em lugar algum. Nossa atmosfera é o que nos defende do perigo real, destruidores de vida, que é o lixo espacial. Quando você pensa sobre quão grande é Júpiter, aquele redemoinho, aquele furacão, acho que é provavelmente um grande meteoro que mergulhou numa nuvem de fumaça. Então eu apenas acho que temos essa atmosfera que queima meteoros. A atmosfera precisa ser grossa o suficiente para te proteger de meteoros, mas não louca o bastante que a vida não possa existir. Você precisa de gigantes gasosos como Júpiter. Me sinto estranhamente confiante que não há vida em Marte ou em qualquer lugar.”

Ele teve um ataque de riso enquanto entrevistava Robbie Krieger e Ray Manzarek para Complex, em 2012.

“Aquilo foi tão divertido. Eu perguntei a Ray sobre ‘Universal Mind’. E eu não queria dizer que ele me mordeu, mas ele foi gentil e agiu como se fosse aleatório. E depois, eu perguntei de outra forma, e ele meio que cantou toda a letra palavra por palavra. Aquilo foi engraçado porque era a menos conhecida dos Doors que eu sempre amei. Foi tão legal, cara. Robbie Krieger parece um cara muito legal. Ray Manzarek parecia muito intenso. Muitas pessoas repudiam Doors, mas acho que eles são legítimos.”

Ele está trabalhando na perfeita bicicleta dobrável e elétrica.

“Meio que parte meu coração o tempo que está levando, mas é muito legal. É uma bicicleta dobrável elétrica, sem pedais, e se dobra do tamanho de uma mala. As únicas pessoas que querem fazer isso são esses engenheiros alemães. Eles têm essa coisa chamada Free Cross, é como uma máquina de exercício. E isso é exatamente o oposto. O Free Cross é basicamente uma máquina para exercitar o corpo todo que você leva para o mundo. E isso é apenas uma coisa preguiçosa então você pode meio que ser transportado sem gastar energia.”

Ele é um grande fã de futebol.

“Eu jogo muito futebol agora. Eu provavelmente jogo há 5 ou 10 anos. Eu preciso perseguir uma bola. Ir à academia é tão depressivo pra mim. Mas se eu tiver que perseguir a bola para marcar, sou como um cachorro.”

Fonte: Rolling Stone

Tradução: Equipe TSBR