The New Abnormal

The New Abnormal

Ouça o novo disco:

JULIAN CASABLANCAS PARA AZZARO


Como muitos já souberam e comentaram, será lançada em setembro deste ano uma linha de produtos de luxo pela marca de perfumes Azzaro tendo Julian Casablancas como inspiração e rosto da campanha publicitária. Ele compôs uma música para o comercial – I like the night – , e fez as fotos promocionais. A linha – dB Decibel – traz perfume, sabonete, xampu e desodorante. O frasco tem a forma de um microfone para se referir ao rock, como diz a chamada:
“a campanha faz homenagem à força do rock. O artista vive por sua música e por compartilhá-la. Ele libera sua energia, sua generosidade. Ele e seus fãs são um só.”
Clique em mais para ler a tradução de uma reportagem que saiu dia 30 de julho, no Paris Match.
Fontes: Azzaro
Paris Match

À ocasião, inesperada, da promoção de uma fragrância, o cantor fala sobre o futuro de sua banda. (Por Aurélie Raya – Paris Match)
Como falar de cheiros com Julian Casablancas? Ele prefere cheiros amadeirados ou frescos? Ele baixa os olhos, brinca, dá de ombros. Esse jovem homem charmoso, porque ele não parece um modelo, é o ‘muso’ do perfume Decibel de Loris ­Azzaro. O vocalista dos Strokes se juntou a Justin Timberlake e outros músicos que negociam sua notoriedade para promover produtos de luxo.
É decepcionante? É surpreendente da parte de alguém que parece se esquecer do luxo, e isso passa uma imagem de vendido, desagradável para um suposto roqueiro que deseja quebrar tudo. Mas no bom sentido…
Julian Casablancas assume tranquilamente, entre risos e frases não planejadas “Eu não tinha aceitado no fim dos anos 90, mas bem… Eles me abordaram pedindo uma música, em seguida pra posar… E depois, os Strokes aceitaram tanta publicidade, não é tão terrível, é? E isso me lisonjeou”.  Mas confessa: “Eu não participei do processo de criação.” O perfume parece de um adolescente que deseja disfarçar a falta de sabonete.
Há dúvidas se o cheiro do dinheiro foi um elemento mais convincente. Mas, depois de considerar todas as possibilidades, melhor encher os bolsos de Julian que de Justin Bieber. Porque os Strokes são um grupo excitante, a identidade do rock dos anos 2000. Os White Stripes se separaram. Eles não. Mas houve problemas entre os cinco membros, amigos de infância, filhos de burgueses de Nova Iorque, fãs de Velvet. O primeiro disco, Is This It saiu em 2001. Eles tinham 20 anos.
O quarto, Angles, data deste ano, e foi preciso arredondar os ângulos entre o autor-compositor, Casablancas, e sua orquestra exigente. Mesmo se Julian, diplomata, se esquiva de momentos dos momentos complicados “não foi doloroso gravar, contrariamente ao que se disse na imprensa. Foi preciso aprender a compor junto, a escutar os desejos de cada um”. O que fez esse disco vacilante e brilhante, de acesso menos fácil. Um compromisso, mas por uma boa causa, a música: “É o que nos aproxima. Nunca nos separamos. Mas temos nossas vidas, não nos vemos todos os dias… Eu escolhi privilegiar minha felicidade a longo prazo. Eu me divirto todos os dias, mas diferentemente, não saio mais…”
Casado com sua antiga empresária e pai de Cal, um ano e meio, ele tem o ar triste e aliviado de não ter mais uma existência dividida há alguns anos. “Tenho outras ocupações. Tento desenhar bicicletas elétricas dobráveis”. Ele é engraçado quando confessa seu prazer em escutar Milli Vanilli, grupo dance dos anos 90, banido por fraude. “Eu falo sério. Eles eram muito bons, mesmo se não cantassem!” Casablancas tem também gostos mais acertados: “Sébastien Tellier, Daft Punk, do lado francês”. E Phoenix? “Eu só ouço aqueles que tocam como nós”. Em inglês “Dum Dum Girls, The Misfits, Small Black…”
Ele não diz uma palavra contra os Strokes, mesmo se ele dorme num hotel em Saint-Germain-des-Prés quando os outros estão no Park Hyatt. “Adoro esse bairro”. À noite, longe do show numa boate parisiense, depois de um show centrado, em uma hora e vinte minutos, os músicos Nick Valensi, Albert Hammond Jr e Fabrizio Moretti chegam. Julian não, como sempre. Não é preciso imaginar nada. Durante a entrevista, o cantor, de tênis amarelo fluorescente, tinha tirado de seu bolso um pequeno gravador. “Tenho quatro meses de trabalho depois da turnê. Devo escolher entre 2000 trechos que tem aí, e transformá-los em canções. Haverá outro álbum dos Strokes”. Se ele diz. Ele é o chefe.
Tradução: equipe TSBR